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  • Lenon Quoos

Alimentos e efeito-Selic devem puxar preços para baixo nos próximos meses

O resultado do IPCA de julho veio acima das expectativas do mercado (-0,65%), impactado principalmente pela queda nos combustíveis e na energia elétrica. O recuo foi o maior desde o início da série histórica, em 1980. “A impressão de julho foi bastante influenciada pelo impacto das medidas de redução de impostos sobre os preços de eletricidade, combustíveis e telecomunicações. Fomos surpreendidos por uma deflação de gasolina acima do projetado, resultado de repasse mais rápido e intenso que estimado”, diz Tatiana Nogueira, economista da XP. A projeção da corretora era de uma queda menor, de 0,65%.


A economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória, destaca que, apesar de o efeito da redução de impostos ser pontual, já que a regra é temporária, o aperto monetário em curso e a menor demanda global, ainda devem puxar os preços para baixo nos próximos meses. “Esses efeitos tendem a tirar grande parte da pressão inflacionária que observamos no último ano”, diz. “Nossa expectativa é que teremos uma nova deflação em agosto, de menor magnitude, refletindo a queda mais recente nos preços dos combustíveis”.


O destaque entre as pressões de alta no índice de julho veio dos alimentos, que subiram 1,3%, impactados pela alta dos custos de leite e derivados. Ainda assim, o economista da FGV André Braz ressalta ser provável que o setor de alimentação tenha redução nos preços no segundo semestre. “Contando com safras boas, e com a desaceleração recente no preço de commodities importantes como milho, soja e trigo, já temos no radar uma tendência de desaceleração dos alimentos”, destacou.


O economista pontuou que a desaceleração dos alimentos vai ser “lenta e gradual”, diferente do choque que ocorreu com combustíveis e energia, que caíram após uma pancada do governo no corte do ICMS. “A alimentação vai continuar como uma grande vilã em 2022, onerando o orçamento das famílias, mas talvez ofereça uma trégua ao longo desse segundo semestre”, disse.


Segundo o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), Glauco R. Carvalho, a perspectiva é de que a partir de agosto seja possível observar impactos no preço dos alimentos, ainda que modestos.

“Os preços ainda estão altos, mas a safra no Sul começa a crescer. A tendência é que os preços desacelerem a partir de setembro ao produtor. No mercado atacadista o início de agosto já vem mostrando recuo, ainda que modesto”, afirmou.

Imagem: Divulgação.

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