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Nilton Santos | Na carona do Kamikaze

Quando ouvimos a expressão Kamikaze, logo nos vem a mente imagens dos pilotos japoneses arremessando-se contra navios e porta-aviões na segunda guerra. Sim, eram eles próprios que se lançavam na crença de iam para a glória eterna embalados pelo vento de Deus. O avião e as bombas eram apenas o meio e acessório de combate. Abstraída toda a filosofia, a psicologia e o contexto histórico, em verdade resumida, os Kamikazes eram induzidos ao suicídio. Afinal morrer pela causa engrandece o morto — que talvez seja o único que nada ganhe com o ato heroico praticado. Vai saber.


Agora, há pouco, no dia 7 de julho, foi aprovada pelo Congresso Nacional a Proposta de Emenda à Constituição — PEC 1/2022, apelidada pelo próprio ministro da Economia como PEC KAMIKAZE. A PECK, — que não é parente do Gregory. —, até o fim desse ano o governo pagará auxílio a caminhoneiros, taxistas, subsídio para compra de gás de cozinha, gratuidade no transporte público para idosos, dentre outras “bondades”. Aplicada a lei do Não Existe Almoço Grátis (NEAG), relacionada com aquilo que não conflitar com a Lei de Gerson (LG), não precisa ser inteligente para saber que quem pagará a enxurrada que virá pelo rombo causado no teto de gastos do governo, será a “brava gente brasileira”. Apesar da duvidosa legalidade da medida segundo sustentam juristas de peso, criada há poucos meses da eleição e impulsosionada pelo potente motor do centrão, diante do fato consumado, só nos resta analisar os seus efeitos que virão embalados pelos fogos de artifício da virada do ano.


Quando cessarem os benefícios, boa parte deles gerados pela redução dos impostos estaduais, a ressaca será brutal. Ao que tudo indica, seja quem for o eleito, com a faixa verde e amarela receberá uma granada sem pino que a qualquer momento poderá explodir em forma de inflação, queda das bolsas, alta dos juros e desemprego a engrossar ainda mais a fila dos milhões dos que não tem sequer certeza de que vão fazer ao menos uma refeição no dia, que já passam fome na fila da pele do frango e do osso.


Nesse contexto, sem querer, viramos todos os caroneiros de Kamikaze, passageiros da agonia. Tipo aquele que no aperto pede dinheiro ao agiota sem ter nenhuma perspectiva de poder pagar… O Guedes certamente não embarcará nessa, já que para ele, se tudo der errado, não dá nada. Ele tem lastro financeiro em paraíso fiscal. Oremos!


Nilton Santos

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