O planejamento é condição indispensável para o sucesso de
qualquer coisa que se faça ou se pretenda fazer. Portanto, pedindo licença
a Fernando Pessoa, assim como navegar, planejar é preciso. Toda cidade
que pretende progredir precisa de investimentos e, para isso é
indispensável projetá-lo, é condição de sobrevivência. Para tanto, um
plano diretor bem estruturado se constitui em alavanca fundamental. Sem
um bem pensado e claro conjunto de normas que disciplinem uma série
de questões relacionadas à ocupação do solo urbano objetivando facilitar,
agilizar, e atrair capitais, fica difícil, para não dizer impossível, retirar da
prefeitura o título de maior empregadora.
A Constituição define o plano diretor como “instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.”. Há pouco tempo - como sempre a duras penas -, nos demos conta de que em termos de projetos de desenvolvimento
estávamos vendo a banda passar... Nosso plano diretor envelheceu diante
de nosso olhar contemplativo, como se a dinâmica social desse um
segundo de trégua. Recentemente perdemos uma rara, portanto preciosa,
oportunidade de recebermos considerável investimento justamente
porque nosso caduco projeto básico disse não.
Ao esquecermos de atualizar a nossa visão de futuro, demonstramos não termos absorvido a lição de que investimentos não são obras do acaso, da simpatia de alguém com recursos por nossa terra. Quem se propõe a arriscar seu capital,
primeiro analisa as condições que lhe são oferecidas pois, dependendo
dos obstáculos a serem superados, talvez não valha a pena investir pois,
além dos custos e riscos do investimento, certamente será necessário
gastar tempo e dinheiro para arredar entraves legais e burocráticos - se
for possível.
Na experiência paroquial o resultado foi trágico. Esbarramos
em regras e princípios vencidos porque não acompanhamos a evolução
das coisas. O tempo transformou nossa alavanca em amarras a nos
prender num tempo passado. É hora de agir, de acordamos para a
necessidades atuais e futuras, de nos prepararmos para chamarmos
investimentos que possam esvaziar a crescente fila do desemprego, da
informalidade, da desesperança em dias melhores que a acomodação,
infalivelmente, entrega.
Nilton Santos