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Cachoeira registra em cinco meses mesmo número de óbitos por dengue dos últimos 5 anos

  • Foto do escritor: Da Redação
    Da Redação
  • há 12 horas
  • 3 min de leitura

O notório crescimento de casos de dengue em Cachoeira do Sul, que acusa 847 casos confirmados, outros 1.400 sob investigação e quatro óbitos pela doença, não se trata de um fenômeno local. Especialistas da área apontam o Brasil como líder na quantidade de casos da maior epidemia de dengue da história na região das Américas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com o médico infectologista e diretor de Desenvolvimento Clínico do Instituto Butantan, José Moreira, uma das principais razões para a atual epidemia é a circulação simultânea dos quatro sorotipos do vírus da dengue, situação considerada atípica. Este quadro, somado à diversidade dos vírus circulantes e o aquecimento global que favorece ainda mais a proliferação do vetor da dengue, o mosquito Aedes aegypti, tem motivado a propagação da doença em índices inéditos.


As temperaturas no Brasil têm ficado acima da média histórica desde a década de 1990, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). “Temos observado invernos cada vez mais quentes e recordes de temperatura no verão. Umidade e calor são determinantes para a reprodução dos vetores”, ressalta o médico infectologista. Outro obstáculo para o combate da doença são as próprias adaptações genéticas do vetor, que – explicam as autoridades de saúde - dificultam o funcionamento de métodos tradicionais de prevenção, como inseticidas e larvicidas. “Os mosquitos desenvolvem resistência contra esses produtos com frequência, em alterações evolutivas que podem ocorrer a cada dois anos. O surto que estamos vivenciando é multifatorial. A circulação dos quatro sorotipos, as mudanças climáticas, a falha das medidas de prevenção, além da urbanização descontrolada, indivíduos suscetíveis à doença e baixas condições socioeconômicas impactam diretamente na epidemia”, resume José Moreira.



FATORES LOCAIS

Os fatores elencados e que envolvem o cenário da evolução da doença em todo o país acabam sendo agravados em regiões como Cachoeira do Sul, onde a população apresenta, ainda, baixa adesão aos cuidados preventivos e de controle do mosquito. Os mutirões de combate ao Aedes aegypti nos bairros, desenvolvido paralelamente à orientação dos moradores pelas equipes da SMS, ajudaram mas ainda não estão ocorrendo de forma suficiente para impactar na redução e controle dos vetores. Boa parte dos larvicidas e inseticidas utilizados nas áreas de bloqueio dos focos de dengue acabam não sendo efetivos se a área pulverizada/aplicada não tiver sido previamente limpa. “É aí que entra o esforço conjunto onde cada morador protege a sua casa e, com isso, garante o controle da doença coletivamente na sua região”, complementa a secretária municipal da saúde, Camila Nunes Barreto.


O quadro epidemiológico para dengue em Cachoeira do Sul mostra significativa evolução a partir de 2022, quando o município contabilizou 1.649 notificações para a doença, com 1.151 casos confirmados e três óbitos. Em 2023 o cenário foi contido (278 notificações, 13 confirmados e sem óbito registrado) e, ano passado, os números voltaram ao patamar de 2022, somando 1.728 casos notificados, sendo 1.177 confirmações para dengue e um óbito. Em 2025 a tendência – como vêm relatando os municípios brasileiros em geral – é de crescimento. Até o momento, são 2.640 casos notificados, 847 confirmados e quatro óbitos, todos de idosos.


LINHA DO TEMPO DA DENGUE NA CIDADE


2020

03 notificados

01 confirmado

Sem óbito registrado


2021

11 notificados

03 confirmados

Sem óbito registrado


2022

1.649 notificados

1.151 confirmados

03 óbitos registrados


2023

278 notificados

13 confirmados

Sem óbito registrado


2024

1.728 notificados

1.177 confirmados

01 óbito registrado


2025 (até o momento)

2.640 notificados

847 confirmados

04 óbitos registrados

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