CNH: entenda o que muda com a retirada da exigência de autoescola pelo Contran
- Lenon Quoos
- há 19 minutos
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O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) aprovou, por unanimidade, a resolução que transformará o processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) no Brasil. A norma deverá ser publicada no Diário Oficial da União (DOU) nos próximos dias e, segundo o Ministério dos Transportes, passará a valer imediatamente após sua publicação.
A data oficial de vigência dependerá do texto da própria resolução. Caso não haja menção a prazo, passa a valer a regra geral da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), que determina um período de 45 dias entre a publicação e a entrada em vigor. Contudo, o governo já sinaliza que a aplicação será imediata.
O que muda
A resolução trará mudanças profundas no modelo atual de formação de condutores. Entre as principais alterações estão:
Fim da obrigatoriedade de aulas em autoescolas
Eliminação do número mínimo de aulas teóricas obrigatórias
Redução da carga mínima de aulas práticas, que passará de 20 horas para apenas duas horas
Aulas poderão ser ministradas por instrutores autônomos, não vinculados a autoescolas
Autoescolas continuam existindo, porém deixam de ser obrigatórias no processo
Mantidas as provas teórica e prática
Mantido o exame toxicológico para categorias C, D e E
Segundo o governo federal, a principal motivação das mudanças é reduzir custos e simplificar etapas. O Ministério dos Transportes destaca que cerca de 20 milhões de brasileiros dirigem sem habilitação, em grande parte por não conseguirem arcar com as despesas atuais.
Reação do setor e possível judicialização
A medida deverá enfrentar resistência imediata. A Confederação Nacional do Comércio (CNC), representando o setor produtivo das autoescolas, entrará com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar barrar a resolução. Paralelamente, será apresentado um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) na Câmara dos Deputados para suspender os efeitos da norma caso ela seja publicada.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), deverá instaurar ainda nesta terça-feira (2/12) a Comissão Especial para o Plano Nacional de Formação de Condutores, após reunião com representantes do setor na última segunda-feira.
Por que o governo quer mudar
Nota técnica do Centro de Liderança Pública (CLP) aponta que o Brasil tem um dos custos relativos mais altos do mundo para obtenção da CNH. O processo consome cerca de 7,8% do salário médio anual, percentual muito superior aos de países como Alemanha (3,2%) e França (2,4%).
Para o governo, simplificar o processo é fundamental para diminuir a irregularidade e ampliar o acesso. “O novo modelo busca justamente ampliar o acesso, simplificando etapas e reduzindo custos”, afirma o Ministério dos Transportes.


















