Cerca de 80% da safra 2023/2024 de soja do Rio Grande do Sul têm boa qualidade, garantiu, nesta segunda-feira, o diretor técnico da Emater/RS-Ascar, Claudinei Baldissera. De fato, a projeção de uma safra recorde de 22,24 milhões de toneladas do grão, como a anunciada na Expodireto Cotrijal, em março, não existe mais, assim como a estimativa de produtividade média de 3.329 quilos por hectare. No entanto, o dirigente lembra que a maior parte da colheita foi concluída até a última semana de abril, quando efetivamente o alto volume de água invadiu lavouras, silos e propriedades.
A estimativa da Emater-RS/Ascar é que 1 milhão de hectares de soja esteja em risco nas áreas mais atingidas pelas cheias. São plantações cultivadas principalmente na porção Central e em parte do Litoral do Estado. “Há lavouras que não há viabilização alguma de colheita, seja pela impossibilidade de a máquina entrar na lavoura, seja porque está alagada, mas isso só vamos saber daqui a algumas semanas”, afirma o diretor.
Ainda há de se contar com a inviabilidade econômica da operação em áreas parcialmente atingidas: ao comparar o custo da colheita, a qualidade do grão e o desconto aplicado pelos cerealistas sobre o produto entregue, o produtor desiste de continuar.
Segundo informativo conjuntural da Emater-RS/Ascar datado de 2 de maio – com informações da semana anterior -, o RS estava com 24% dos 6,68 milhões de hectares de soja por colher. “Essas lavouras apresentam perdas que variam de 20% a 100%. Os prejuízos serão maiores nas regiões Centro, Sul e Oeste do Estado, onde grandes extensões ainda não haviam sido colhidas”, informa a Emater-RS/Ascar.
O produtor que conseguiu colher e, assim, não fazer parte dos 24% anteriores à tragédia, já sofria com a umidade, mas antecipava o processo quando possível e engrossava a mão de obra com serviço terceirizado. O percentual da área de soja a ser colhida no Estado foi reduzido para 15% no informativo conjuntural divulgado dia 16. Entretanto, a qualidade da produção é desafiadora, com a abertura de vagens, a germinação de grãos e a proliferação de fungos.
“O grão que está chegando na secadora vem com deterioração e alto teor de umidade. A exigência na secagem é alta no trato com o grão”, detalha Baldissera.
Imagem: Divulgação.
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