Tenho um amigo, vocacionado para o trabalho comunitário, que continua sua saudável obstinação em defesa dos que mais necessitam, mesmo insistindo na tese de que no Brasil não há solução para o coletivo.
Ele tem total razão se olharmos para o nosso país a partir das experiências vividas por toda uma geração da qual fazemos parte.
Mesmo tendo uma educação apoiada nos princípios impostos pelo regime militar o seu discernimento sobre direitos humanos e o admirável espírito humanitário o ajudou a aceitar com resignação o ingresso do país em um regime de esquerda, justamente porque a promessa de construir uma sociedade sem miséria coincidia com os seus princípios.
Depois de assistir, nos últimos anos, o enriquecimento das grandes empreiteiras, dos bancos privados, do dinheiro fácil nas mãos de quem menos precisava e a banalização da corrupção entre os políticos a conclusão de que no Brasil não há mesmo solução para o coletivo parece indefensável.
No entanto, eu que sou igualmente da mesma geração, um filhote da ditadura, um sobrevivente do período mais corrupto da nossa história, ainda acredito em uma sociedade sem misérias. Gostemos ou não, essas mudanças só virão pela política e pelas mãos dos nossos políticos.
Por isso precisamos e com muita urgência entender, como verdade absoluta, que só vamos ter uma sociedade melhor se usarmos de novos critérios na hora de escolhermos nossos representantes.
Não é verdade que falta dinheiro para atender as necessidades básicas como educação, saúde e dar fim à fome. O dinheiro está sendo consumido pela corrupção, nem sempre aparente, e pela incompetência dos mandatários eleitos por nós mesmos.
Vamos fazer um pequeno exercício:
Quem de nós que possui ou deseja ter uma empresa, não importa o tamanho, que contrataria como gestor administrativo ou financeiro o prefeito eleito da sua cidade?
Certamente poucos o contratariam, mas foram muitos os que o elegeram.
Talvez isso explique porque o meu amigo não acredita mais em soluções
para os problemas coletivos assim como em uma sociedade sem miséria
em nosso país.
Uma boa semana a todos.
Hilton de Franceschi
