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Morre José Mujica, o ousado político uruguaio que foi o 'presidente mais pobre do mundo'

  • Foto do escritor: Lenon Quoos
    Lenon Quoos
  • há 2 dias
  • 2 min de leitura

Morreu nesta terça-feira, 13, o ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica, aos 89 anos, em Montevidéu. A informação foi confirmada pelo atual presidente do país, Yamandú Orsi, que declarou em nota nas redes sociais: “Com profunda dor comunicamos que faleceu nosso companheiro Pepe Mujica. Presidente, militante, referência e líder. Vamos sentir muito a sua falta, velho querido.” Mujica enfrentava um câncer de esôfago, diagnosticado em abril de 2024, e havia interrompido os tratamentos após o avanço da doença para o fígado.


Mesmo debilitado, Mujica permaneceu ativo politicamente até o fim, tendo apoiado a campanha de Orsi, eleito presidente pelo partido de esquerda Frente Ampla nas eleições de novembro de 2024. O ex-presidente estava afastado da vida política desde 2020, mas seguia como uma das principais vozes do bloco progressista de esquerda no Uruguai.


Nascido em 20 de maio de 1935, Mujica teve uma trajetória marcada por seu passado como guerrilheiro do grupo armado marxista-leninista Tupamaros, responsável por assaltos, sequestros e ações violentas nas décadas de 1960 e 1970. Chegou a ser preso em 1964 e protagonizou fugas de prisão. Passou 13 anos encarcerado, boa parte deles durante a ditadura militar iniciada em 1973.


Com a redemocratização em 1985, Mujica foi libertado e iniciou sua atuação política dentro do Movimento de Participação Popular (MPP), que ajudou a fundar e que logo se consolidaria como o maior grupo do Frente Ampla. Sua carreira parlamentar começou em 1995 e, ao longo dos anos, construiu uma imagem singular: vestia roupas simples, usava um velho Fusca como carro oficial e defendia um estilo de vida austero. Essa figura, somada a suas falas mais populares, projetou sua imagem internacionalmente como um “presidente humilde”.


Foi eleito presidente do Uruguai em 2009 e governou de 2010 a 2015. Durante sua gestão, sancionou leis polêmicas, como a legalização da maconha, o aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em entrevista à BBC Mundo, em 2014, classificou a legalização da maconha como “um experimento” e disse que os críticos “certamente vão se surpreender”. Segundo ele, a repressão às drogas “estava cada vez pior” e sua proposta oferecia um “caminho difícil, mas que pode deixar um pouco de conhecimento à humanidade”.


Apesar da exaltação midiática internacional, seu governo enfrentou sérios problemas internos. O episódio mais marcante foi o encerramento da companhia aérea Pluna, que resultou em escândalos de corrupção e condenações judiciais. A venda de aviões da empresa com aval bancário irregular virou símbolo da má gestão pública sob sua administração.


Apesar disso, ao deixar o governo, Mujica manteve altos índices de aprovação popular, e sua imagem como defensor da paz chegou a ser cogitada ao Prêmio Nobel. Fora do Uruguai, sua figura foi exaltada pela esquerda internacional, especialmente por sua relação com lideranças como o atual presidente do Brasil, Lula, e o ex-presidente boliviano Evo Morales.


Segundo informações da mídia local, Mujica desejava ser enterrado em sua chácara, em Rincón del Cerro, zona rural de Montevidéu, onde viveu durante décadas com a ex-senadora e companheira política Lucía Topolansky. No local, também está sepultada sua cadela Manuela.


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