De tempos em tempos quem está no poder acena com a volta da
CPMF, mesmo que antes da eleição de pés juntos jure que não há mais
espaço para a acrescer mais um imposto na longa lista de tributos que se
paga no Brasil.
O atual governo, no olho do furacão da pandemia, entra firme na luta para recriar o tributo que quando criado em 1997 era para viger por dois anos e prover recursos para a saúde. Perdurou por dez anos e menos de 0,7% do que foi arrecadado por anos efetivamente chegou aos cofres do Ministério da Saúde, isso quando chegou, pois em certos períodos nenhum caraminguá foi destinado ao setor que deveria receber a totalidade da montanha de dinheiro arrecadado.
O que era provisório, quase se tornou definitivo e ficamos por isso mesmo. Bolsonaro em campanha se declarou contrário a volta do antes chamado imposto do
cheque, porém, o ministro da economia, desde sempre, se posicionou
favorável à sua recriação. Justiça seja feita, todos os governos anteriores,
fizeram a mesma coisa, ou seja, diziam ser contra que não havia mais
espaço para mais um tributo, enquanto nos bastidores articulavam a sua
volta. Agora o discurso de Guedes é que, mesmo com a volta do imposto,
não haverá aumento da carga tributária porque será compensada com o
corte de impostos, desoneração da folha de pagamento de salários e
aumento da isenção de imposto de renda etc.
O certo é que nós, os contribuintes, estamos mais uma vez na alça de mira da sanha
arrecadadora do Estado e dificilmente escaparemos de mais uma mordida
a engrossar a longa lista de tributos que, mesmo que não percebamos, até
dormindo estamos pagando. Enquanto isso, uma reforma tributária que
considere as desigualdades de renda mofa nos escaninhos do congresso
nacional porque é muito mais fácil criar novas formas de arrecadação do
que retirar privilégios de quem efetivamente aufere renda, já que os
mortais geralmente pagam sobre salários.
Então, nos preparemos para pagar mais com muito pouca ou nenhuma contrapartida. Estamos a caminho de solidificar a liderança da maior carga tributária do planeta onde os mais desassistidos, como sempre, serão os mais penalizados. Co
resta pouca carne no esquálido contribuinte, a próxima mordida será no
osso!
Nilton Santos