"Quinze minutos de fama
Mais um pros comerciais
Quinze minutos de fama
Depois descanse em paz
O gênio da última hora
É o idiota do ano seguinte
O último novo rico
É o mais novo pedinte"
Para quem não sabe, os versos são da música que intitula o disco A Melhor Banda De Todos Os Tempos Da Última Semana lançado pelos Titãs em 2001. Os autores, Branco Mello e Sérgio Brito, há mais de 20 anos, diante dos primeiros sinais, projetaram o futuro atual com admirável precisão. A fama de hoje queima na caldeira das redes sociais, razão pela qual se esfumaça tão rápido como surgiu, trocada pela que lhe segue e seguirá sob a mesma sina, o esquecimento.
O famoso da hora é o "mendigo" metido num roteiro que envolve sexo, traição, religião e preconceito social, pois se fosse qualquer outro, por certo não teria a mínima repercussão, mas, como se tratava de um morador de rua, àquela gente "perigosa", "suja", "suspeita" e "inconveniente", aí o furo é mais embaixo, a roda gira soprada pelo preconceito.
Nesse caso se aplica a máxima de que cachorro morder carteiro não é notícia, mas o carteiro abocanhar o cachorro dá primeira página! Não vi as imagens das agressões, mas como só se fala nisso e no escândalo dos pastores no MEC - este ainda promete muito pano pra manga -, lí que, além de convites para participação em realities, programas de entrevistas, etc., estão botando pilha no rapaz para que se candidate nas próximas eleições, o que prova como os políticos, com razão, nos veem, ou seja, um bando de idiotas.
Tomara que a fama repentina e fugaz não piore ainda mais a situação do rapaz .
Que passado o momento das luzes artificiais, não surja daqui a algum tempo na mídia para maldizer a fama que um dia pensou ter, por tão breve tempo.
Nilton Santos
