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  • Foto do escritorDa Redação

Nilton Santos | Voltamos às cavernas

De todos os problemas que a pandemia está a nos causar – e são

muitos –, ao meu ver o pior está na impossibilidade de se estabelecer

qualquer tipo de previsão de quando poderemos retornar à

“normalidade”, se isso será possível mais adiante...


Em todas as atividades, desde o começo dessa crise, se estabelecem prazos que,

invariavelmente, são prorrogados, e assim vamos levando a coisa... Entre

o desejo e a realidade que vem nos impondo duras penas. Em qualquer

sociedade o planejamento é condição fundamental para a realização de

metas e objetivos. Sem essa possibilidade, se torna praticamente

impossível avançar, e é isso que está nos acontecendo. Estamos, como um

organismo doente que precisa desativar parte do seu organismo para se

concentrar no essencial e continuar sobrevivendo até que surja a cura,

estamos letárgicos, quase paralisados.


Considerando a dinâmica da pandemia, chego à conclusão de que somente com o surgimento de uma vacina capaz de nos proteger, mesmo que por um curto espaço de tempo, é que poderemos retomar a rotina de antes, recuperar o tempo perdido, o

que parece algo ainda distante diante da grande complexidade de que se

reveste o processo de evolução e conclusão de um processo de

imunização em massa. Talvez só para o ano que vem é o que tenho lido e

ouvido de parte dos especialistas na matéria.


Enquanto não surge uma solução, vamos evoluindo, ou seja, estamos nos adaptando à duras penas à uma realidade de limitações, imprevisibilidade e empobrecimento

diante do abrupto freio imposto à atividade econômica. Desde os

primórdios da humanidade a caverna era o abrigo para intempéries e

ameaças do mundo exterior. Fora disso, nossa natureza nos impelia ao

mundo exterior pois era nele que nos realizávamos como humanos. Hoje,

forçados a viver em reclusão em nossas cavernas, nos violentamos para

nos proteger do inimigo invisível, o que em termos psicológicos é um alto

preço, conta ainda longe do seu total.


Se temos abrigo, alimento e um ganho trabalhando em casa, estamos bem, contudo, nem todos possuem essas condições elementares à disposição. Esses são as verdadeiras vítimas que evoluem no doloroso processo do sofrimento impostos aos menos favorecidos em uma sociedade que para muitos é madrasta.


Bom final de semana!


Nilton Santos

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