Colheita do trigo avança de forma moderada no RS
- Lenon Quoos
- há 16 minutos
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A alternância de perÃodos chuvosos e temperaturas amenas ao longo de setembro e outubro sobre o Rio Grande do Sul estende as fases vegetativa e de formação de grãos do trigo, e reflete a maturação mais lenta das lavouras, cuja colheita alcança 42% da área cultivada, Ãndice inferior à média das últimas cinco safras (64%) para o mesmo perÃodo. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado pela Emater/RS-Ascar nesta quinta-feira (06/11), atualmente 36% das áreas de trigo se encontram em maturação fisiológica, 20% em enchimento de grãos, e 2% ainda em floração, evidenciando desenvolvimento gradual, mas mais tardio do que o observado em anos anteriores.
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O quadro climático recente, caracterizado por umidade do solo elevada e satisfatória luminosidade entre os intervalos de chuva, tem favorecido as lavouras de trigo, contribuindo para o bom peso de grãos e para a uniformidade das espigas nas áreas colhidas. A qualidade industrial se mantém dentro dos padrões de panificação e de moagem observados nas melhores safras. As produtividades médias iniciais variam entre 2.800 e 3.500 kg/ha, conforme a fertilidade do solo, o regime hÃdrico e a época de semeadura. A Emater/RS-Ascar estima a área cultivada de trigo no Estado em 1.141.224 hectares, com produtividade de 3.261 kg/ha.
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A cultura da aveia branca está em plena colheita nas principais regiões produtoras do Estado, e a produtividade dentro do esperado, apesar de variações pontuais decorrentes de diferenças edafoclimáticas e de manejo. A qualidade dos grãos tem se mantido satisfatória, com bom PH e uniformidade, favorecendo a destinação industrial. A Emater/RS-Ascar estima que estão cultivados 393.252 hectares de aveia-branca. A produtividade atual está em 2.445 kg/ha.
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Avança o ciclo final da cultura de canola, com 27% das lavouras em fase de maturação, com a colheita em ritmo intenso nas regiões produtoras, atingindo aproximadamente 70% da área cultivada no Estado. Em áreas com melhor manejo e uso de cultivares adaptadas, os rendimentos têm superado 2.400 kg/ha. Nas lavouras de menor investimento ou afetadas pelo excesso de chuvas no momento da implantação, a produtividade está abaixo de 1.500 kg/ha. A estimativa da Emater/RS-Ascar para a safra é de 176.076 hectares de cultivo, e a produtividade de 1.659 kg/ha.
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A cultura da cevada avança para a fase final do ciclo, e a colheita está em andamento na maior parte das regiões produtoras. Estima-se que 30% foram colhidos e os grãos apresentam tamanho e germinação adequados, mas aumentou os defeitos de origem microbiana (DOM), pela elevação da umidade ambiental. O poder germinativo sofreu pequena redução, mas ainda sem ser motivo de desclassificação para o processo de malteação. A Emater/RS-Ascar estima área cultivada em 31.613 hectares e produtividade em 3.458 kg/ha.
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CULTURAS DE VERÃO
SOJA - A implantação das lavouras de soja evolui de maneira desigual no Estado, em razão do prolongamento do ciclo das culturas de inverno e da irregularidade das chuvas, que causa variabilidade da umidade do solo. A área semeada alcança 14% dos 6.742.236 hectares previstos, mas os maiores avanços ocorreram em locais de precipitações mais regulares, que propiciaram boas condições para a germinação e emergência. Os produtores esperam precipitações generalizadas que permitam a intensificação dos trabalhos de campo e o avanço do plantio até meados de dezembro, perÃodo usual de encerramento da semeadura da cultura. No entanto, observa-se redução no investimento em insumos — especialmente fertilizantes —, em função do custo elevado e da limitação de crédito, o que poderá impactar as produtividades médias esperadas. Para a Safra 2025/2026, no Rio Grande do Sul, a projeção da Emater/RS-Ascar e produtividade média de 3.180 kg/ha.
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MILHO - O retorno das chuvas no perÃodo repôs a umidade no solo e proporcionou condições para a retomada da semeadura do milho, que atinge 77% da área projetada para o RS nesta safra. As lavouras se encontram predominantemente em fase vegetativa (90%). As áreas semeadas mais precocemente (10%) iniciam os estágios de pendoamento e de floração, especialmente nas regiões de relevo mais baixo e de solos com maior fertilidade. O estande de plantas está, em geral, satisfatório, e a coloração verde intensa das folhas indica nutrição nitrogenada e condições fisiológicas adequadas. A amplitude térmica entre o dia e a noite beneficiou o crescimento das plantas, principalmente nas lavouras em inÃcio de florescimento, que apresentam excelente potencial produtivo. Estima-se o cultivo de 785.030 hectares e produtividade de 7.370 kg/ha, segundo a Emater/RS-Ascar.
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MILHO SILAGEM - Houve prosseguimento na semeadura escalonada de milho para silagem. Na Região da Campanha, os produtores realizam a semeadura em duas épocas, para minimizar riscos considerando a previsão do fenômeno La Niña: a primeira entre outubro e novembro; e a segunda entre dezembro e janeiro. No Alto Uruguai, a semeadura está mais adiantada em comparação com outras regiões, principalmente nos cultivos que receberam adubação orgânica para reduzir os custos de implantação. Segundo a Emater/RS-Ascar, na Safra 2025/2026 a área de milho silagem alcançará 366.067 hectares e produtividade de 38.338 kg/ha.
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ARROZ - A semeadura avança de forma gradativa em conformidade com as condições de umidade do solo e com o cronograma operacional das lavouras. O percentual médio de área já implantada é considerado satisfatório para o perÃodo: entre 40% e 60% nas principais regiões produtoras, e mais de 90% nas áreas mais adiantadas. Em geral, as lavouras estabelecidas apresentam desenvolvimento adequado, estandes uniformes e plantas vigorosas, compatÃvel com a época do ciclo. Nas áreas onde a semeadura atrasou devido ao excesso de umidade ou à permanência de solos saturados, o plantio deve se estender até o final de novembro e inÃcio de dezembro. A área a ser cultivada está estimada em 920.081 hectares (IRGA). A produtividade está estimada pela Emater/RS-Ascar em 8.752 kg/ha.
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FEIJÃO 1ª SAFRA - A cultura do feijão de 1ª safra apresenta bom desenvolvimento vegetativo na maior parte das regiões produtoras, favorecido pelas chuvas do perÃodo, que restabeleceram os nÃveis de umidade do solo e permitiram a retomada das semeaduras em atraso. O estande de plantas indica adequada nutrição e manejo. Nas áreas mais precoces, observa-se o inÃcio da floração e do enchimento de vagens, com vigor e potencial produtivo satisfatórios. As temperaturas mais baixas, registradas após os eventos de chuva, não ocasionaram danos expressivos, exceto em algumas lavouras em floração. A área projetada de feijão 1ª safra pela Emater/RS-Ascar é de 26.096 hectares. A produtividade média está estimada em 1.779 kg/ha.
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PASTAGENS E CRIAÇÕES
Os campos nativos, especialmente os melhorados, estão na fase de rebrota. As pastagens de aveia e de azevém comum se encontram na fase reprodutiva, e as de azevém tetraploides, na vegetativa, com produção e qualidade satisfatórias. As espécies de verão estão em etapa de implantação, favorecida pelo regime de chuvas, em geral regular, embora em algumas regiões a baixa luminosidade e a escassez de precipitações tenham limitado o crescimento inicial e prolongado o vazio forrageiro. Diversos produtores realizaram a fenação e a confecção de silagem para garantir reservas estratégicas de alimento para o rebanho no perÃodo de transição.
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BOVINOCULTRA DE CORTE - O estado nutricional e sanitário e o escore corporal dos animais estão adequados. Houve relatos de infestação por ectoparasitas, como carrapatos e mosca-dos-chifres, favorecida pelo clima quente e úmido. Os lotes têm sido retirados das pastagens de inverno e alocados nos campos nativos, cuja oferta de forragem tem atendido à s diferentes categorias animais, desde terneiros em crescimento até matrizes em lactação. Nos sistemas de cria, estão em andamento os partos e os cuidados com os terneiros. Neste inÃcio de novembro, os produtores iniciaram ou se preparam para a estação de monta.
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BOVINOCULTURA DE LEITE - A produção foi satisfatória na maioria das regiões, e as vacas em lactação apresentam condição corporal adequada. As melhores áreas de pastagem foram destinadas aos animais em produção, com complementação alimentar por meio de silagem e de ração. Houve infestações por bernes e aumento da população de moscas, o que demandou intensificação dos tratamentos. Foram relatados ataques de mutucas e de borrachudos, levando os produtores a adotar horários alternativos de pastejo para reduzir o estresse e evitar a queda no consumo.
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APICULTURA - Houve aumento na movimentação das colmeias, que apresentam enxames fortes e sanidade adequada. Há também intensa formação e liberação de novos enxames. Em alguns municÃpios, a colheita foi iniciada. As condições climáticas têm sido favoráveis, como a redução do frio e o retorno de dias ensolarados, que estimularam a floração de guabiroba, vassourão, trevo, nabiça e de frutÃferas em geral.

Foto: Trigo em colheita – por Alencar Rugeri, da Emater/RS-Ascar

















