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  • Lenon Quoos

Jaqueline Machado | Matilda

Matilda era igual a qualquer outra criança do seu tamanho e, ao mesmo tempo, diferente. Tinha um semblante comum, mas sua alma era de anjo. Seus pais eram ligados às futilidades da vida, e não repararam na filha, que desde cedo (cedíssimo), se apegou aos livros.


Enquanto os pais, junto do irmão da menina só pensavam em assistir os mais inúteis programas de televisão, comer porcaria e comprar supérfluos, a doce Matilda, no auge de sua primeira infância, já tinha o conhecimento de tais obras: O velho e o Mar de Ernest Hemingway, Orgulho e Preconceito de Jane Austen, A revolução dos bichos de George Orwell, Moby Dick de  Herman Melville, entre outros.


Em virtude disso, ela teve de aprender a se cuidar sozinha, pois ninguém ligava para aquela garotinha que desde os primeiros passos já era renegada justamente por aqueles que mais lhe deviam cuidados e amor. Com o passar do tempo seus pais passaram a repelir irremediavelmente da visão de mundo da filha, que muito se distanciava da realidade familiar em que vivia.


Como se não bastasse as tristezas vividas em casa, ao conhecer a escola, teve de enfrentar diversos maus tratos de uma insensível e amargurada diretora. Mas nem tudo estava perdido para a pequena Matilda. Sua professora era boa e por ela perdeu-se de encantos e decidiu adotá-la.


A adoção foi um alívio para a família biológica, que tinha a menina em seu meio como um verdadeiro fardo. Junto à nova mãe, a garotinha pode, enfim, ser feliz. Essa história foi criada pelo gênio dos contos infantis, Roald Dahl. A mensagem contida nessa historinha me fez refletir sobre duas questões diferentes.


Primeiramente refleti muito sobre o pesado fardo das pessoas que nascem para seguirem um caminho diferente do considerado normal nos meios onde a ignorância é predominante em nossa sociedade. E a educação é deixada de lado. Também refleti sobre o fato de que os pais vivem a requisitar o respeito dos filhos. Afinal, crianças e adolescentes têm o costume de se prevalecer facilmente dos mais velhos, pois são rebeldes, tirânicos.


Não há sombra de dúvida que os mais jovens devem respeitar – e muito – os mais velhos. Sobretudo, seus pais e avós. O problema é que poucos, quase ninguém na sociedade  costuma lembrar o quanto é importante os pais respeitarem suas crianças e jovens. Pois a maldade dos adultos é infinitamente superior a da garotada.


Além do mais, nada temo em dizer: pais que renegam, ferem e ultrajam seus filhos ou beneficiam mais a um do que a outro,  assim como acontece na obra literária: Matilda, em que a personagem principal, por possuir uma conduta um pouco diferenciada da conduta da família era renegada, e por isso precisou se educar sozinha, não merecem a dádiva de terem filhos.


Esta fantástica obra de Roald Dahl, sugere, que pais e mães não têm como missão a ditadura. Os pais têm como missão, sim, a arte da pedagogia. Portanto, devem agir como verdadeiros professores formadores de almas. Formadores de seres humanos bons.


O mundo está repleto de seres adultos totalmente infantis e de crianças sabiamente adultas. Por isso, peço – rogo -  papais e mamães, amem seus filhos. Pois amor, admiração e respeito não se impõe, se conquista.

 

Jaqueline Machado



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