Problema de erosão no Cemitério das Irmandades em Cachoeira é pauta na imprensa estadual
- Lenon Quoos
- há 9 horas
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O Cemitério das Irmandades, localizado em Cachoeira do Sul, segue parcialmente interditado quase dois anos após um deslizamento de terra que atingiu a encosta do Rio Jacuí. A erosão, iniciada em dezembro de 2023 e agravada pelas enchentes de 2024, afetou estruturas próximas e comprometeu 160 metros do terreno do cemitério, histórico de 198 anos.
De acordo com estudo preliminar realizado pela gestão municipal em parceria com a Mitra Diocesana, responsável pelo cemitério, a água do rio provocou um solapamento da base do barranco e erosões tubulares, conhecidas como “piping”, que enfraquecem a estrutura do talude.
“Nós temos um laudo parcial, que não apresenta o estudo aprofundado do solo. Esse talude está localizado exatamente na curva do Rio Jacuí, o que potencializa o impacto da água”, explica Gabriel Lobato, assessor do gabinete do prefeito.
O município, sem recursos técnicos e financeiros para realizar o diagnóstico completo, enviou dossiês à Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec) e à Defesa Civil do Estado solicitando apoio para obras de contenção. “A União já sinalizou aporte de recursos, mas ainda aguardamos a manifestação do Estado para financiar o diagnóstico e o início das obras”, destaca Cleiton dos Santos, chefe de gabinete e responsável pela Defesa Civil local.
A erosão já provocou a interdição de residências e áreas próximas, incluindo parte do estacionamento do Hospital de Caridade e Beneficência (HCB) e um pavilhão industrial desativado. Segundo Cleiton, há preocupação com a estrutura do HCB, que recebeu cerca de R$ 2 milhões em investimentos.
O cemitério abrigava aproximadamente 4,2 mil sepulturas em 7 mil metros quadrados, e a erosão exigiu a exumação e realocação de cerca de 380 túmulos para outros cemitérios da cidade, como o Jardim da Paz, que prepara 300 novos túmulos até o fim do ano.
Nas redes sociais, moradores expressam indignação e preocupação com a segurança de túmulos de familiares. “É um gasto à toa, sem falar no desgaste emocional de enterrar duas vezes”, relatou uma moradora que precisou retirar os restos mortais de sua mãe oito meses após o enterro.
O padre Helvio Luis Cândido, responsável pela administração do cemitério, explica que já foram realizadas reuniões com familiares, pesquisadores da UFSM e técnicos da Defesa Civil para avaliar o problema. A universidade estimou R$ 25 milhões para a recuperação do local. Estudos adicionais sobre a hidrodinâmica do Rio Jacuí ainda serão necessários antes que o projeto de contenção possa avançar.
“Estamos buscando apoio técnico e financeiro para garantir a segurança das pessoas e preservar a memória histórica do cemitério”, afirma o padre.

Fonte: Jornal Cidades/Porto Alegre.
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